(67) 3327-2829

Rua Dr. Zerbini, 947 - Chácara Cachoeira

Samara Magalhães de Carvalho: "Mesmo com todos os avanços tecnológicos, a advocacia pública sempre será essencial à Justiça"

Procuradora do Estado falou da chegada da inteligência artificial ao Direito e também do protagonismo das mulheres na PGE-MS

Por APREMS
27/02/2023 · Notícias

Há 13 anos na Procuradoria do Estado de Mato Grosso do Sul (PGE-MS) a Procuradora do Estado Samara Magalhães de Carvalho não somente testemunhou algumas transformações na carreira, como também é parte de algumas destas mudanças de características. Desde que ingressou na PGE, Samara viu e participou de uma geração em que as mulheres ocuparam espaços importantes na advocacia pública. “Vejo essa questão com muito otimismo e bons olhos. É uma questão da sociedade como um todo”, disse, em entrevista à Aprems. 

A Procuradora também vê na mudança dos processos físicos para os virtuais não apenas um ganho de praticidade, mas também de sustentabilidade para todas as carreiras jurídicas. 

Sobre os desafios da PGE e da advocacia pública, Samara acredita que será o de acompanhar evoluções tecnológicas, como por exemplo, o avanço da inteligência artificial. “Talvez no futuro tenhamos menos pessoas, e mais digitalização e tecnologia trabalhando a nosso favor, sobretudo em demanda de massa”, afirma. 

Ela pondera, porém, que, “mesmo com todos os avanços advocacia pública será essencial à Justiça” 

Confira a entrevista

Desde que ingressou na PGE-MS, quais foram as principais transformações que testemunhou?

De lá para cá, ao longo desses 13 anos, considerando que, ao longo desse período eu estive trabalhando com prazo judicial, e não tanto com consultivo, eu posso dizer que uma das principais mudanças que eu presenciei foi a consolidação da era digital. Quando eu cheguei havia uma transição, ainda com alguns processos físicos. 
Hoje, porém, a realidade é que, dentro dos prazos judiciais, seja em juizados especiais estadual ou federal, ou no Tribunal de Justiça, todos são completamente virtuais. Isso foi um grande avanço, e reduziu a necessidade de utilização de papel, o que é muito válido, muito louvável em termos ambientais, e também otimiza o tempo de todo mundo, tanto na questão da logística e do cartório, porque não precisa mais ir nos tribunais fazer carga dos autos. 
Isso foi realmente um ganho para a procuradoria e para a advocacia em geral, e otimizou o tempo com o acesso aos autos e criou um trabalho mais sustentável, na medida que não precisa mais de papel. 

E em outras áreas, além da digitalização dos processos?

Sim, considerando esses avanços tecnologicos que a PGE passou ao longo desses anos, pude testemunhar mais uma transformação: a de não mais haver a necessidade de tantos procuradores no interior. Neste concurso mais recente, por exemplo, os novos procuradores nem sequer foram lotados no interior. A maioria das demandas da PGE na questão da PGE se pode fazer on-line. Isso foi um grande avanço de logística e em qualidade de vida em termos de produtividade.
E por fim, o que eu recordo nessa questão do avanço, foi a ampliação da PGE dentro das secretarias, dentro do consultivo, o que é muito importante, o que é papel da PGE esse assessoramento jurídico, o que dá mais segurança na hora de tomar decisões e fazer política política pública. Nesses últimos anos vimos a ampliação da PGE dentro das secretarias. A PGE teve uma vitória para a carreira e para a sociedade. 

Cada vez mais, a mulher se destaca no mercado de trabalho. Na PGE-MS, esse protagonismo já ocorre há algum tempo. Como você vê essa representatividade?

Sou suspeita para falar, considerando que eu sou uma mulher. Vejo essa questão com muito otimismo e bons olhos. É uma questão da sociedade como um todo. 
Há muitos anos que a mulher tem essa questão de ir para o mercado de trabalho e buscar sua subsistência, e buscar o seu reconhecimento como trabalhador e ser  humano. Acredito que isso é uma tendência que cada vez vai se ratificar mais. As mulheres realmente têm plena capacidade, igual como outro homem. E digo mais: até para manter essa questão de dupla jornada, família, filhos, elas conseguem se destacar mais. Elas conseguem mostrar seu valor, sua capacidade. 
Vejo como muito louvável essa abertura para a PGE da atuação das mulheres. Presenciei a nomeação da Fabíola (Marquetti) como Procuradora-Geral, foi a primeira Procuradora-Geral mulher e na atuação dela a gente teve muitos avanços. Mesmo durante seu mandato tendo passado por uma pandemia, ela avançou com a PGE em todos os sentidos, tanto na digitalização, virtualização, e ao permitir o trabalho remoto e não fazer com que a PGE parasse, além de projetar a PGE como um órgão de Estado, de assessoramento jurídico, de assessoramento do Estado. 
Mulher tem muito isso da dinamicidade, capacidade de estar fazendo várias coisas ao mesmo tempo, de estar focada no trabalho agora, fazendo um trabalho de excelência, mas também de estar pensando na inovação se aperfeiçiiando. Penso que é cada vez mais aumentar essa dimensão e esse protagonismo das mulheres no serviço público, porque só vem a somar.


E os principais desafios para a advocacia pública no futuro, quais são?

Não tenho me debruçado muito para os próximos anos. Tenho um perfil mais otimista, sem essa visão de preocupação com o futuro.
Acredito que o desafio da advocacia pública será o de acompanhar essa evolução tecnológica que será cada vez maior. 
Já temos cursos de digital law, por exemplo, e o serviço público costuma ter uma certa morosidade quando comparado ao serviço privado. Para adquirir algo, precisamos de licitação, e já existem sistemas, máquinas, que trabalham para que alguns resultados finais sejam vistos. Talvez esse seja um desafio: conseguir acompanhar a evolução tecnologica na medida em que somos um grande corpo jurídico, um escritório muito grande de advocacia, que tem esse perfil púbilco. Acredito que a PGE evoluiu muito ao longo dos anos, já estamos até com questão de inteligência artificial. Mas creio que seja esse o desafio. 
Nós teremos as decisões dos tribunais cada vez mais rápidas, ao se protocolar uma defesa, os recursos e as defesas tendem a vir mais rapidamente e a questão é se preparar para isso. 
Talvez no futuro tenhamos menos pessoas, e mais digitalização e tecnologia trabalhando a nosso favor, sobretudo em demanda de massa, em que talvez não se precise tanto de servidor para atuar, e sim da questão tecnologia para poder acompanhar o ritmo das decisões. 
E acredito que seja isso mesmo. A advocacia pública, como atividade essencial á Justiça, sempre será necessária. A vida é dinâmica e todo dia surge uma nova questão jurídica, parecer, uma nova questão decisão do gestor. O desafio é estar sempre se aperfeiçoando, se atualizar com as questões tecnológicas e se aprimorar.